Entrevista com Mas Oyama
Mas Oyama é uma das
personalidades mais expressivas do Karate Moderno.
Grande adepto da força física, fanático do combate, defendia
uma forma fundada quase essencialmente sobre a defesa
pessoal. Henry Kan, um professor Francês entrevistou-o em Tóquio.
Quem Foi Masutatsu Oyama?
Masutatsu
Oyama, foi o criador do estilo de Karatê Kyokushin ou Oyama- Ryu. Nasceu Yong
Eu-Choi no dia 27 de julho de 1923 comendo batata da terra em uma aldeia perto
de Gunsan na Coréia Meridional.
O Karate é um
desporto?
Claro que não. Apenas o Karate permite
penetrar o espírito Zen. Antigamente a arte do sábio encontrava-se muito
próximo do Zen, mas o Kendo tornou-se atualmente um desporto. O desporto é uma
distração, o Budo (caminho do guerreiro), consiste em castigar o seu corpo e o
seu espírito, ser severo consigo mesmo, para melhor compreender os outros. O
problema não é viver e sim não morrer. O espírito do Budo é pensar na morte:
todo a gente pode viver, pode-se viver engraxando sapatos, isto não é difícil.
Se você pretende fazer Karate como desporto, pode ir a qualquer clube e poderá
sair-se bem, mas não na nossa casa.
Então, porquê as
competições?
É uma prova necessária para você mesmo,
para valorizar as suas capacidades.
Que fazer para
ganhar?
O problema não consiste em ser o
primeiro, mas sim vencer-se a si mesmo, mais que o seu próprio adversário.
Compete-se para vencer a si mesmo. Para vencer o seu medo. Quando se tem medo
de si mesmo, tem-se medo dos outros.
O que pensa sobre a violência na
sociedade Moderna?
A violência é indispensável para um
praticante de Karate kyokushin, inclusive se esta violência tem formas
escondidas. Por exemplo, uma vez que uma pessoa se casa, não deve divorciar-se.
Deve ser-se severo consigo mesmo e consequentemente com o outro. Pode casar-se
com quem quiser. Eu sou a favor de matrimónios internacionais. A moda actual
dos divórcios é uma verdadeira praga para a actual sociedade. No
nosso Dojo, ninguém se divorcia. Se encontrasse algum divorciado,
expulsava-o imediatamente. Um dia apresentei um holandês do nosso clube a uma
japonesa com quem se casou, algum tempo depois divorciou-se, expulsei-o
imediatamente. A pessoa que não tem uma vida familiar equilibrada, não tem nada
a ver connosco. Tudo isto é a essência do Karate. O Karate não foi feito para
ganhar dinheiro, a sociedade está podre por causa do dinheiro.
Os Katas são importantes?
O Kumite é mais importante que os
Katas, a competição também. O kihon é a técnica dos movimentos de base. Se os
conhece a fundo, pode fazer os Katas. Portanto, o mais importante são os
movimentos de base (kihon), a técnica.
E a respiração?
É certamente importante na vida e no
Karate. Cada vez que damos um passo, respiramos. Existem 5 maneiras de
respirar: a primeira é aquela que todo mundo utiliza todos os dias. Antigamente
praticavam-se 7 maneiras de respirar, inclusive uma delas servia para resistir
á tortura. O resultado de um combate depende da respiração. Quando alguém tem medo,
sua respiração muda, não se pode controlar. É controlando a respiração que se
chega a controlar os combates.
De onde vem a
respiração?
Toda a gente dirá que vem dos pulmões,
mas não é assim. A respiração vem do centro do homem, portanto do ventre. Abaixo
do umbigo, encontra-se a força, é dali que vem a respiração, o que não vem do
ventre não é respiração, é simplesmente engolir o ar.
O senhor tem alguma
técnica especial?
O combate é uma questão de força, sem
força não se pode ganhar. Evidentemente quando se envelhece, se perde a força,
mas ganha-se técnica. Se, por exemplo, eu fizesse uma competição com o atual
campeão (ele tem 23 anos e eu 53 anos) eu penso que ganharia, porque colocaria
um golpe decisivo nos primeiros 30 segundos de luta. Se passar deste tempo,
seria demais, pois me cansaria e correria o risco de perder, pois tenho uma
técnica secreta e especial que não ensino a ninguém e que me dá a
superioridade. Tenho sempre algo a mais a ensinar, mas somente próximo da
morte, eu passarei aos meus fiéis.
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